Pesquisa revela que 39% dos brasileiros já pediram 'nome emprestado' para fazer compras

quarta, 02 de agosto de 2017

Frau mit Schulden und RechnungenOs brasileiros sempre dão “um jeitinho” na hora de comprar os produtos que desejam e 39% dos consumidores já adquiriram produtos e serviços pedindo “emprestado” o nome de terceiros. As modalidades mais utilizadas para a prática são cartão de crédito (26%), cartão de loja (9%) e crediário (9%). Essa ajuda é solicitada principalmente para comprar roupas, calçados e acessórios, seguidos dos celulares e eletrônicos em geral. Os dados são de uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Segundo os entrevistados, os principais motivos para o empréstimo de nome foram os imprevistos (27%) e já estar com o nome sujo (25%). As principais pessoas que costumam emprestar cartões e assumir crediários são os pais (27%), o cônjuge (22%) e os irmãos (19%). A maioria dos entrevistados (85%) garantem ter avisado o quanto seria gasto antes de pedir o crédito, porém, 8% não informaram. Nove em cada dez entrevistados que pediram o nome de alguém emprestado já pagaram ou estão pagando a dívida em dia. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 19% dos clientes tiveram alguma dificuldade imposta pelas lojas para fazer a compra no nome de outra pessoa. Para a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, a prática de emprestar o nome é bem polêmica, pois muitas vezes, além da relação monetária envolve a questão da confiança, vínculo de parentesco e afetivo. - Isso dificulta a pessoa que está sendo requisitada a dizer que não irá emprestar o nome ou o cartão de crédito. O constrangimento e o medo de fragilizar a relação acabam sendo o fator de decisão, um aspecto emocional que não avalia os riscos. De acordo com a pesquisa é possível observar como esse processo é forte, porque se fosse racional, a pessoa que emprestou pensaria nas condições que o solicitante já apresenta, como nome sujo e incapacidade de pagamento e o potencial risco de não ter condições de pagar. Sobre o imprevisto, a economista do Idec afirma que seria justificável se fosse pagar uma despesa vinculada a sobrevivência como alimento, medicamento, um aluguel em atraso para evitar uma multa, um descontrole pontual. Mas, como indicado no estudo, comprar roupas, calçados, celulares e eletrônicos não são necessidades básicas e urgentes. Ione aconselha que, para não ficar numa situação de constrangimento em dizer não, a pessoa deve expor esse raciocínio e ser firme ao dizer que não terá condições de assumir com aquela dívida, caso a pessoa que pediu o nome ou o cartão emprestado não consiga pagar: - Pode ser que a relação fique afetada temporariamente, mas se for amigo de verdade irá superar. Se não tiver coragem de dizer não, e o outro não pagar, a relação ficará muito pior e com dívidas. O OUTRO LADO DA MOEDA Uma pesquisa divulgada em abril deste ano, também pelo SPC Brasil e CNDL, mostra que muitos amigos e parentes acabam prejudicados pela prática, já que 17% dos consumidores inadimplentes ficaram com o nome sujo após emprestarem dados, cartões ou cheques para terceiros. A pesquisa foi realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Em média, os consumidores que tiveram que arcar com a dívidas feitas em seu nome gastaram R$ 1.215,24 para honrar os compromissos. O levantamento mostrou que a principal justificativa de quem não devolveu a quantia que pegou emprestado é a falta de dinheiro, usada por 33% das pessoas. Além disso, em 19% dos casos, a pessoa desapareceu e não tem como ser cobrada. A relação pessoal ficou abalada em pelo menos 69% desses casos. PARA PENSAR BEM ANTES DE EMPRESTAR Se ficar com nome sujo O inadimplente não pode financiar veículo ou imóvel, fazer empréstimo, adquirir cartão de crédito e contratar serviços como planos de TV a cabo ou celular pós-pago. Sem garantias Não há garantias legais para quem empresta o nome. A dívida, perante a Justiça, pertence a quem emprestou. O inadimplente pode ser acionado judicialmente, o que resultará ainda em custos processuais. Consequências Além do relacionamento abalado, a inadimplência pode causar danos à saúde, como estresse e falta de sono. Crise O país atravessa uma crise, com alto índice de desemprego e endividamento. Pessoas que passam por dificuldade financeira e já estão negativadas precisarão de tempo para se recuperar. Isso significa que este é um momento desfavorável para emprestar o nome. Fonte: O Globo
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